Norte e Nordeste são mais carentes de políticas sociais, aponta estudo

 

Agência Brasil

 

 

BRASÍLIA
– O Norte e o Nordeste brasileiros, onde ainda persistem desigualdades
muito grandes, são as regiões do país que mais precisam de melhorias em
termos de políticas sociais. Esta é uma das conclusões do Índice de
Desenvolvimento Social (IDS), divulgado nesta terça-feira no 20º Fórum
Nacional, no Rio de Janeiro, pelo economista Roberto Cavalcanti, do
Instituto Nacional de Altos Estudos (INAE), entidade que promove o
evento.

Para Cavalcanti, as melhorias devem ser
promovidas nas áreas do emprego e da distribuição de renda. Ele
recomendou a formulação de políticas sociais integradas para atacar as
áreas onde o IDS aponta que há carências.

O IDS
constatou que houve grande desenvolvimento social no Brasil de 1970
para cá. O crescimento alcançou a média anual de 2,1% . Ele foi maior,
mostrando expansão de 4% ao ano, na fase de maior crescimento econômico
do país, nos anos 70, e menor (1,2% ao ano) entre 1980 e 2000, período
de baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das
riquezas produzidas no país.

– No começo do século 21, a tendência dos indicadores é de retomar um dinamismo maior – sinalizou.

O
ranking do IDS, referente a 2006, é liderado pelo Distrito Federal
(9,19 pontos), seguido pelos estados de Santa Catarina (8,89) e São
Paulo (8,78). Os piores índices são observados em Alagoas (6,22) e
Maranhão (6,58). Por regiões, o IDS mais alto é o do Sul (8,70),
enquanto o Nordeste apresenta o índice mais baixo (7,08). O IDS do
Brasil é de 8,11 pontos. A estimativa para 2007 é que o IDS do país
suba para 8,24 pontos.

Dos cinco componentes do IDS
(saúde, educação, trabalho, rendimento e condições habitacionais), três
apresentaram evolução positiva. Na área da saúde, o economista disse
que o desempenho é relativamente bom. O Índice de Saúde (IS) atingiu a
marca de 9,28 pontos na média do país, sendo 9,95 no Rio Grande do Sul
e 9,92 em Santa Catarina e Distrito Federal. Na retaguarda aparece
Alagoas, com IS de 7,63 pontos.

– A expectativa de vida
da população cresceu, a mortalidade infantil caiu, e isso acontece no
país, nas regiões e em todos os estados – afirmou Cavalcanti.

O
desempenho da educação, cujo índice nacional ficou em 7,86 pontos, foi
considerado razoável pelo economista, mas em termos quantitativos, não
qualitativos.

– Ou seja, houve um avanço da escolaridade média da população e uma redução importante da taxa de analfabetos – disse.

As
duas variáveis globais que apresentam problemas são a renda e o
emprego, devido, em especial, ao hiato de crescimento das décadas de 80
e 90, informou o economista do Inae. Em termos per capita, isto é, por
habitante, o IDS revela que houve um baixo nível de crescimento da
renda, cuja média no período foi inferior a 1%.

Em
relação ao emprego, que está associado ao desempenho econômico, o
Brasil experimentou uma grande queda nos anos 80 e 90, que só começou a
ser revertida agora, a partir de 2000. Mesmo assim, Cavalcanti avaliou
que os níveis de desemprego ainda são altos, totalizando cerca de oito
milhões de desempregados no país. O Índice de Trabalho (IT) cresceu no
país cerca de 1,5% ao ano entre 1970 e 2006. Em 2006, o IT foi de 7,82
pontos em nível nacional.

O IDS mostra que o desempenho é
heterogêneo entre os estados. "Há estados que sabem utilizar melhor o
seu PIB para obter desenvolvimento social. Outros, como o Rio de
Janeiro, que tem na classificação do PIB o 3º lugar, na classificação
do índice social aparece em 7º lugar", relatou. Segundo o economista do
Inae, isso significa que o Rio de Janeiro é um estado de grandes
desigualdades na área social, em especial saúde e emprego.

Derivado
das cinco componentes do IDS, Cavalcanti formulou o Índice de Capital
Humano (ICH), que mede a força de trabalho potencial, representativo
das pessoas com 15 anos de idade ou mais.

– Nós medimos
a importância da população ponderado pelo índice de educação e temos o
ICH, que é um índice de estoque – explicou.

Ele observou
que, no período de 1970 até 2006, houve crescimento do capital humano.
"Mas esse crescimento não foi inteiramente aproveitado pela economia,
que não gerou os empregos em qualidade e quantidade necessárias para
absorver o avanço observado", advertiu.

A conclusão nesse
aspecto, sinalizou o economista, é que o Brasil é um país que ainda
hoje tem baixa qualidade de capital humano, potencial mal aproveitado
porque não está sendo utilizado de forma a gerar emprego e renda
compatível com o nível de qualificação que a população atingiu.

Nos
estados em que foi identificada mortalidade infantil, as políticas
públicas devem ser orientadas no sentido de melhorar as condições de
saúde das crianças, especialmente no primeiro ano de vida, conforme
sugeriu o estudo.

Em áreas onde existe relação direta
entre educação e qualidade da habitação, políticas integradas de
desenvolvimento social podem ser concebidas, a partir de um diagnóstico
preciso de mazelas ou carências sociais. O economista do Inae disse que
apenas em parte pode-se dizer que desenvolvimento social esteja
atrelado ao crescimento do PIB.

Ele citou o caso de Santa
Catarina, cujo PIB é mais baixo que o do Rio de Janeiro, mas se mostra
mais equilibrado socialmente, com estrutura urbana diversificada e
menos desigualdade social. "O Rio de Janeiro tem um baixo nível de
saúde relativo, bom nível de educação, mas a sua economia não foi
capaz, durante muito tempo, de gerar empregos suficientes para atender
à formação de capital humano que ocorreu no período". O IDS deverá ser
atualizado a cada edição do Fórum Nacional do Inae.

[
19:08
]

 
27/05/2008

http://jbonline.terra.com.br/extra/2008/05/27/e270522630.html 

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